segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

American Idol: clichês viram realidade

Nos cansamos de ouvir que "nunca houve tantos talentos", que esta é a melhor safra de todas. Isso foi especialmente mentira na última edição, a nona, quando pessoas do naipe de Tim Urban chegaram ao Top 10. Desta vez, finalmente, a fala de Randy Jackson pode ser considerada verdadeira.

Novamente, na seleção dos 24 melhores, acho que os meninos superam as meninas em talento, mas a parte séria do programa, que começa amanhã, realmente promete. Jacob Lusk é um dos favoritos. Confira a performance que Randy classificou como a melhor da história do programa.



Se Casey Abrams não tem uma voz que alcança tantos decibéis em tom, tem o brilhantismo da originalidade de colocar seu próprio tempero em um clássico de Ray Charles, "Georgia":



Entre as meninas, Lauren Alaina, que tem apenas 15 anos, mas uma comissão de frente comparável a Dolly Parton, é o destaque. Resta saber se a bela voz será o diferencial suficiente para vencer o programa.

Exagero dramático marca tom de "Biutiful"


O filme "Biutiful", a mais recente produção do diretor cult mexicano Alejandro González Iñárritú, de Babel e 21 Gramas, é carregado no drama, como todos já é marca do cineasta. A produção pode ser encarada até mesmo como um filme documental, que mostra o lado feio de Barcelona: imigrantes chineses em trabalho semi-escravo produzindo mercadorias piratas para imigrantes africanos venderem nas ruas.

O protagonista, vivido por Javier Bardem (já icônico como o ator latino de Hollywood, tomando o posto de Antonio Bandeiras como muito, muito mais talento), é o atravessador de toda a situação, controlando o pagamento de propinas para que a polícia deixe este submundo continuar vivendo. Além disso, Uxbal, seu personagem, tem que cuidar de dois filhos pequenos, frutos de um relacionamento fracassado com uma mulher bipolar e drogada.

Só isso já bastava para garantir o drama, mas o exagero de Iñárritú quis que Uxbal também sofresse de câncer terminal e ainda fosse uma espécie de Haley Joel Osment ("I see dead people"). O filme se perde em meio a tantas linhas a se seguir e acaba deixando perguntas das razões pelas quais tanta desgraça se abate em um único homem.

Alheio aos problema de roteiro, Bardem brinda a todos com mais uma grande atuação, indicada ao Oscar. Vale... por ele.

"The King's Speech" leva quatro estatuetas


O filme favorito, que ultrapassou "The Social Network" nas apostas desde o começo do ano, venceu. "The King's Speech" (O Discurso do Rei) levou as estatuetas de filme, direção (Tom Hooper confirmou o favoritismo apesar da fama e talento de David Fincher), ator (Colin Firth venceu todos os prêmios desde o começo do ano) e Roteiro Original. Faltou ao filme outros prêmios para embasar o seu grande favoritismo (como minhas apostas em fotografia, direção de arte e figurino).

À Rede Social restou seus prêmios incontestáveis de Edição, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora (extremamente original). Outros incontestáveis foram a atriz, Natalie Portman, que conquistou público e crítica por seu "Black Swan", e os coadjuvantes do filme "The Fighter", Melissa Leo e Christian Bale.

Eu não fui tão bem nos palpites, ignorando os prêmios técnicos de "Inception" (que levou quatro prêmios - fotografia, efeitos visuais, som e mixagem) e "Alice" (figurino e direção de arte). Na quinta, estreia aqui em São Paulo o vencedor de filme estrangeiro, o dinamarquês "In a Better World", outro erro nas minhas apostas.

Mal posso esperar pela nova safra de filmes e uma nova reunião com os amigos. Grande noite!

PS: ah, a lista completa, sempre lá, no melhor site da internet!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Palpites do Oscar


Vamos lá para os palpites antes da festa. Achava que seria mais fácil...

Filme: The King's Speech
Direção: Tom Hooper
Ator: Colin Firth
Ator coadjuvante: Christian Bale
Atriz: Natalie Portman
Atriz coadjuvante: Melissa Leo
Roteiro Original: The King's Speech
Roteiro Adaptado: The Social Network
Fotografia: The King's Speech
Animação: Toy Story 3
Filme Estrangeiro: Incendies
Edição: The Social Network
Direção de arte: The King's Speech
Figurino: The King's Speech
Maquiagem: The Wolfman
Trilha Sonora: The Social Network
Música: Country Song
Mixagem de som: Inception
Edição de Som: Unstoppable
Efeitos Visuais: Hereafter

sábado, 26 de fevereiro de 2011

127 Horas traz emoções à flor da pele... literalmente


O novo filme do diretor Danny Boyle mostra, no aspecto técnico, o quanto ele gostou de trabalhar com a equipe que lhe ajudou a faturar 8 Oscar dois anos atrás com "Slumdog Millionaire". Fotografia, edição e música tiveram sua qualidade e assinaturas mantidas. Lá também estão os ângulos originais para se contar uma história, qualquer que seja ela.

A escolha de contar a aventura de Aron Ralston, preso em meio aos infinitos canyons das Rocky Montains americanas, realmente não é das mais fáceis. Como manter o interesse da plateia diante de uma situação extremamente aflitiva, mas ao mesmo tempo, estática? Em meio a delírios e alucinações surrealistas, o que sobra de mais forte é o desespero do protagonista, interpretado pelo indicado ao Oscar deste ano James Franco. Em muitos minutos, as situações transpõem a tela e simplesmente está em você

O resultado é um bom filme (um pouco apelativo), uma boa interpretação, mas distante de garantir qualquer prêmio notável. A produção, pela temática, nos faz lembrar de outro filme da safra, "Enterrado Vivo" (Buried), dirigido pelo espanhol Rodrigo Cortés e surpreendentemente muito bem interpretado por Ryan Reynolds. A história passa toda, toda, 1h30 minutos, dentro de um caixão. E consegue passar muito mais emoção, com nexo, que em 127 horas. Fez falta na lista de indicações para a premição de domingo.

Atuações abrilhantam o western-Disney dos Cohen


Ok, demorei para escrever sobre "Bravura Indômita" (True Grit), dos irmãos Cohen, e fui totalmente influenciado por um comentário de uma superamiga minha. Realmente, a releitura do clássico pela dupla de cineastas mais original dos EUA (em sua primeira história não original, já que é um remake) ficou mesmo parecendo um filme da Disney.

Isso pode ser pejorativo considerando a maioria dos filmes desta categoria (mas eu gosto muito de Seabiscuit), mas o que eleva o filme para um outro patamar são as atuações. Jeff Bridges, no papel do xerife-beberrão contratado por uma garota obstinada em vingar a morte e seu pai, está, com sempre, admirável, merecendo a indicação como melhor ator. Matt Damon se colocou como coadjuvante e coroou o seu ano de versatilidade depois de ficar um tanto marcado pelo incrível Jason Bourne.

Mas a estrela do filme é a atriz no papel da garota obstinada, Hailee Steinfeld, que concorre à estatueta de coadjuvante (?) no Oscar deste ano. Realmente aqui não dá pra entender porque Hailee é coadjuvante. Ela está em quase todos os segundos na tela, entregando suas falas com uma firmeza e eloquência impressionantes e fazendo do seu personagem Disney um marco nos westerns modernos. Hail to Hailee.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Coadjuvantes brilham no naturalista "O Vencedor"


Muitos podem falar que o filme favorito a dois Oscar nesta premiação é "mais um filme de boxe". Ok, o esporte está lá, o protagonista e seus coadjuvantes respiram este estilo de vida, mas, no meio do filme, você percebe que a história gira muito mais em torno de uma família desestruturada, ou se você preferir, uma família comum, que se sente importante devido ao esporte, mas está na verdade, se partindo devido às drogas e ao desinteresse por levar a vida realmente à sério.

Mark Wahlberg é o protagonista e produtor de "O Vencedor" (The Fighter), a história real da vida dos irmãos Micky Ward, que tenta caminhar no mundo do boxe treinado pelo seu irmão mais velho e viciado em crack, Dick Eklund (Christian Bale, mais uma vez fantástico e favoritíssimo ao prêmio de coadjuvante). A maior glória de Eklund foi ter nocauteado (?) Sugar Ray Leonard, em 1978. Desde então, ele e sua mãe (Melissa Leo, também incrível no papel de uma matriarca decadente e iludida e também favorita à estatueta de coadjuvante) acreditam que já fizeram o bastante e que os problemas se resolvem facilmente.

O conflito entre o mundo real, o qual Wahlberg quer alcançar, e a ilusão, partilhada por seus parentes, é o mais interessante neste filme em que o boxe é uma luta secundária.

PS: Amy Adams, que vive a namorada de Wahlberg, também foi indicada. Bale, além da grande atuação, chamou a atenção pela incrível transformação física para se parecer com um viciado em crack. Magro e alucinado, levou todos os prêmios de melhor coadjuvante até aqui.

"Amor e outras drogas" tenta escapar dos clichês


O diretor Edward Zwick, que ultimamente estava mais ligado à produção de filmes, está na minha memória como o diretor do drama de guerra (civil) "Tempo de Glória", o grande cartão de visitas de Denzel Washington, e o drama romântico "Lendas da Paixão", o grande cartão de visitas de Brad Pitt.

Agora, o diretor pega duas estrelas ascendentes de Hollywood para fazer um filme menor, com algumas pitadas de originalidade. A comédia romântica "Amor e outras drogas" (Love and Other Drugs) aposta no reencontro de Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway (que estiveram juntos, também como um casal, no drama gay/western "O Segredo de Brokeback Mountain"). Jake é um mulherengo descompromissado, cujo único talento parece ser vender; já Anne é uma jovem realista/pessimista diagnosticada com o mal de Parkinson.

Não há amor à primeira vista, não há cenas de sexo em que as partes pudentas são cobertas, não há a promessa de um "felizes para sempre". Mas, mesmo tentando escapar dos clichês do gênero, o filme não escapa de satisfazer a plateia com um encerramento tranquilizante e, como as meninas hoje em dia gostam de falar, "fofo".

Sábado com chuva e aquela preguiça? Vale assistir; e também se você é fã do casal central (acredito que quase todo mundo).

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Turnovers decidem SuperBowl XLV para o Green Bay Packers


Minha torcida valeu e como meu feeling indicava, após a vitória do Green Bay contra o Philadelphia no primeiro jogo dos playoffs, o time do QB mais inspirado e inspirador da NFL levou a melhor no SuperBowl XLV. Na vitória por 31 a 25, onde o time de Wisconsin ficou à frente do placar em todos os momentos, os turnovers foram decisivos. Foram três erros cruciais do valente Pittsburgh Steelers contra nenhum do Green Bay (duas interceptações aos lançamentos do Roethlisberger e um fumble de Mendenhall).

Aaron Rodgers converteu todos os erros dos Steelers em touchdowns. Mesmo assim, os Steelers conseguiram reverter um placar de 21 a 3 para 21 a 17. Depois disso, sempre ameaçou o troféu dos Packers até os 47s finais da partida.

Com 304 jardas no jogo, Rodgers foi eleito o MVP do maior espetáculo anual do esporte e se livra de vez da sina de ser a sombra da lenda de Brett Favre, ex-QB do Green Bay e um dos maiores da história. A Era Aaron está só começando.

PS: interessante este post no blog de onde tirei a foto... o cara previu que Aaron Rodgers seria o MVP em setembro... good call!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Natalie Portman entrega a alma em "Cisne Negro"


Finalmente. Um filme desta safra do Oscar que simplesmente me tirou do cinema, me fez torcer pela protagonista mesmo em sua esquizofrenica loucura em busca da perfeição e que me deixou na dúvida se na última meia hora de projeção eu sequer pisquei alguma vez. "Cisne Negro" (Black Swan) já havia me conquistado pela primeira vez em novembro, quando vi o trailer. É o melhor thriller-psicológico desde "Misery", com Kathy Bates.

O filme é o que eu esperava e muito mais. Lá estão os elementos que fez do diretor Darren Aronofsky um dos queridinhos do circuito cult: movimentos fechados e "irregulares" da câmera, a loucura dos protagonistas, a metamorfose como metáfora de seus desejos e aqui, mais do que talvez em qualquer um do seus filmes, uma atuação que é espetacular em todos os segundos.

Natalie Portman começa seu show demonstrando uma fragilidade ímpar da bailarina infantil e dominada pela mãe (interpretada por Barbara Hershey), Nina Sayers. Com o perigeu da bailarina principal de sua companhia (Winona Rider), o diretor (Vincent Cassel, ótimo) está prestes a escolher uma substituta.

Nina é escolhida, mas vê seu posto ameaçado por uma novata impulsiva e apaixonante, mas que não prima pela técnica de Sayers. A escolha de Mila Kunis para este papel e sua semelhança física com Portman não é mero acaso, e colabora para a asfixiante transformação da protagonista rumo ao seu objetivo final... não sem irreversíveis conseqüências.

Todos os prêmios vencidos por Portman até aqui são pouco para um trabalho tão brilhante. Screen Actors Guild e o Globo de Ouro já foram arrebatados pela jovem que é, de longe, favoritíssima ao prêmio de melhor atriz por um papel que não é só o destaque deste ano, mas talvez, da última década.

Centralização na protagonista é a força de "Inverno da Alma"


Jennifer Lawrence, de apenas 19 anos, surpreende ao carregar nas costas o filme naturalista "Inverno da Alma" (Winter's Bone). A interpretação da jovem de uma adolescente que tem que salvar sua mãe praticamente autista e seus dois irmãos menores das encrencas de um pai desaparecido e de um provável despejo é impactante.

Mas nem só da atriz indicada ao Oscar vem a força do filme que quase não dá tréguas para a platéia deixar de sentir aquele nó na garganta. O roteiro totalmente hermético na protagonista nos deixa também na ansiedade por entender quais situações levam a um patriarca colocar sua família naquela situação.

O filme também é um retrato de um interior dos EUA em que as atividades econômicas que fizeram estados distantes um tanto prósperos no passado (no caso o extrativismo vegetal no Missouri) entraram em decadência e fizeram do refino de drogas uma alternativa sombria para famílias inteiras.

Além de Lawrence, o filme também foi indicado pelo seu roteiro, como melhor produção e ator coadjuvante (John Hawkes). Confira lá, você sabe onde.

A beleza é o único motivo para ver "O Turista"


Paris, Veneza e Angelina Jolie. Três são os motivos para ver o filme "O Turista" ainda em cartaz nos cinemas. São três belezas únicas na Terra, mas será que valem perder o tempo em fila, aguentar o cheiro insuportável da pipoca (sim, eu odeio!) e ficar duas horas sentado esperando por um final previsível de uma história que tenta ser séria, tenta ser engraçada e tenta ser enigmática sem ao menos esbarrar perto de quaisquer destes objetivos?

A resposta para todos os "mistérios" do filme está em uma pergunta: quem escalaria Johnny Depp para o papel de um simples idiota?