O quanto um filme é relevante
para os tempos atuais? O último Oscar parece ter levado isso muito em conta na
última premiação, que tinha “The Revenant” como favorito, principalmente por
seus brilhantes aspectos técnicos e atuação ultracomentada de Leonardo DiCaprio
(que finalmente ganhou). Mas no final, “Spotlight”, filme-denúncia sobre a investigação
da imprensa em cima dos crimes de pedofilia da igreja católica em Boston levou
a melhor, em um raro ano em que o melhor filme ganhou apenas duas estatuetas (o
outro foi roteiro original).
E se formos levar em questão
este quesito, relevância aos tempos atuais, “Arrival” (A Chegada), a nova
investida do diretor canadense Denis Villeneuve, já sai com nota onze! O filme
trata da chegada de espaçonaves alienígenas em vários pontos da Terra, com foco
especial na nave parada no estado americano de Montana.
Em vez de partir para
uma abordagem a la “Independece Day”, o filme aposta em alienígenas que não atacam
e, muito originalmente, não chegam falando inglês como em todos os filmes. O
foco permanece então em como entrar em contato com os mesmos. Eis que entram
entra a protagonista, a excelente Amy Adams, interpretando a linguista Louise
Banks. Ela será a responsável por decifrar a misteriosa linguagem dos aliens,
baseada em ideogramas.
A difícil comunicação com
os aliens expõe, na verdade, o outro problema, do filme e também de nossos
tempos atuais: o medo, os pré-conceitos e a falta de comunicação e cooperação entre
os povos. As várias investigações ao redor do mundo andariam muito mais rápido
e teriam resultado muito mais efetivo com a união de todos, algo extremamente
óbvio nos dias atuais, mas que o ano de 2016 expôs como algo cada vez mais
distante de acontecer, apesar de todo o avanço tecnológico já conseguido pela
humanidade.
E isso é apenas uma
parte do filme: as teorias sobre tempo e espaço e mais o fio-condutor emocional
da relação de Banks com a sua filha também são extremamente bem conduzidos pelo
filme, que tecnicamente também tem em sua trilha sonora (do inovador Jóhann
Jóhannsson, pela terceira vez trabalhando com Villeneuve) e a fotografia de Bradford
Young seus pontos altos.
Um dos melhores filmes
do milênio até aqui!