sexta-feira, 29 de abril de 2011

American Idol: picking a side


Bom, realmente, esta, de todas as quatro temporadas que vi (desde a sétima), é a melhor. Não havia conseguido escolher quem era o melhor até agora e, como quase todos, também fiquei chocado com a eliminação de uma forte favorita, Pia Toscano, no Top 9.

Lá no começo, nas audições, havia escrito quem eram os três favoritos: Casey Abrams, Jacob Lusk e Lauren Alaina. Ok, até aqui, no top 6, acertei. Só que os outros três componentes do Top 6 estão mais perto da vitória. Haley Reinhart é o cometa da décima edição. Tida como apenas uma coadjuvante no começo (inclusive por mim), venho crescendo e provavelmente tem a melhor voz dos que sobraram. Scooty McCreery é o verdadeiro American Idol. Representante do country, vem desafiando sua voz até já se tornar um artista totalmente comercial no gênero e, por isso, forte favorito ao título. No DialIdol, que nunca errou um campeão, ele sempre está na frente.

No entanto, chegou a hora de sair de cima do muro e escolher um favorito. Nas últimas três edições, sempre torci para o vencedor: David Cook, Kris Allen e Lee DeWyze. Agora chegou a vez de torcer para o cara que faz as performances mais orgânicas, que tem a emoção à flor da pele. Ele com certeza não é o melhor cantor da competição, mas é o melhor performer: James Durbin.

Mas alguém tinha que ir embora e, pela segunda vez, Casey Abrams, salvo pelos juízes no Top 11, foi o (não) escolhido do público. Gênio do jazz, fez uma despedida emocionante ao som de Nina Simone e finalmente assumiu o romance com Haley, em uma declaração tocante.

terça-feira, 26 de abril de 2011

"Rio" é um importante pacote de clichês


Colorido, divertido e lindo, a animação "Rio" é o tributo a sua terra do mais bem-sucedido brasileiro em Hollywood, o diretor Carlos Saldanha, dos megasucessos de bilheteria "Era do Gelo 1, 2 e 3" (eu só vi o primeiro). A história não tem segredos e tem vários clichês comuns a muitas narrativas e ao Brasil: o herói abobalhado que supera obstáculos para conquistar a garota, o samba e o carnaval, e o inevitável final feliz.

Mas a previsibilidade facilita o entendimento universal do filme, feito para ser um sucesso de bilheteria, e não uma tese de mestrado. Ou talvez ele até se torne uma tese, pois é o melhor cartão de visitas que o Rio de Janeiro talvez jamais tenha tido. Gerações de crianças, dentro e fora do Brasil, podem crescer com o filme na cabeça, querendo conhecer a cidade (belissimamente retratada, como é). E além disso, é uma importante denúncia contra o tráfico de animais silvestres.

Além da beleza das imagens e do show técnico para reproduzir os movimentos das aves e outros animais, o grande destaque está na trilha sonora, com pitadas de bossa, samba e rap, com Will.i.am e Jamie Foxx puxando o som. Nos papéis centrais, Anne Hathaway cumpre seu papel de donzela indomável e Jesse Eisenberg (como o protagonista Blu) confirma para mim que simplesmente, em qualquer filme que seja, "Rio", "A Rede Social" ou "Zumbilândia", ele faz o papel de si mesmo.

"Sexo sem Compromisso" inverte narrativa de comédias românticas


Desde o século XIX (ou desde a Grécia Antiga talvez), as histórias românticas quase sempre começam platônicas, subvertem obstáculos e chegam ao clímax talvez até literalmente para encerrar a história com um final feliz (casamentos, beijos, concretização sexual de toda a ladainha).

Em "Sexo sem Compromisso" (No Strings Attached), em um improvável papel logo após ser agraciada com o Oscar de melhor atriz por "Cisne Negro", Natalie Portman faz "par romântico" com o anos-luz menos talentoso Ashton Kutcher (mais famoso por seu twitter e por ser casado com a decadente Demi Moore do que por seus papéis... ok, ele fez "Efeito Borboleta"... e só).

As aspas em "par romântico" tem dois motivos: a química entre os atores é bastante fraca, o que pode ser subjetivo, mas o que é objetivo na história que o casal passa grande parte do filme concretizando a ladainha sexualmente sem nenhum envolvimento, ao menos da parte da personagem de Portman.

Arrastado até o final, o clímax salva o filme graças ao bom diretor Ivan Reitman, dos clássicos da Sessão da Tarde "Os Caça-Fantasmas" e (do excelente) "Dave - Presidente por um Dia". Reitman consegue transformar em clímax o que é o começo de quase todas as comédias românticas: um simples caminhar de mãos dadas. Toda a sensualidade do filme está ali, onde, em outras histórias, está na sexualidade.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Necessária, turnê 360° mantém U2 no topo


Em algum momento do show desta quarta-feira, Bono agradeceu aos músicos do Muse por abrirem o show "e trazem a modernidade do século XXI para esta aventura sulamericana". Inteligente declaração de Bono, que se não fosse inteligente, não seria Bono. Ele sabe que o último álbum de sua banda, "No Line on the Horizon", não trouxe a inovação necessária para produzir novos hits, como aconteceu nos álbuns excelentes anteriores.

Por isso, se o álbum-base da nova turnê não foi o sucesso previsto em vendas ou críticas, o megashow foi. Recorde em arrecadação em toda a história, a turnê que aposta em um palco que quase não tem frente e um telão que permite a tal visão global foi a melhor que já aportou no Brasil. E se o telão é um show a parte para os olhos, seu destaque não foi quando ele transmitiu detalhes das perambulices de Bono & Cia. no palco, mas sim quando ele foi a transposição sinestésica de "City of Blinding Lights" e da alternativa e excelente "Zooropa" (que só eu cantei no meu pedaço da pista... aliás, cantei e pulei em todas as músicas).

Os clássicos são sempre clássicos e levantam a galera*. "One", "With or Without You", "Sunday Bloody Sunday" e, pra mim, a melhor ao vivo, "Where the Streets Have No Name" são imbatíveis. Mas talvez o melhor momento tenha sido no também clássico "I Still Haven't Found What I'm Looking For", quando Bono (com a voz prejudicada da sequência de shows) deixou a primeira parte para o público cantar. Depois, ele fez um comentário que emocionou: "Em muitos lugares, nós cantamos para o público... aqui, o público canta pra gente; em muitos lugares, nós fazemos o show para o público... aqui, o público faz o show pra gente".

Muito bom receber esta declaração da maior banda do mundo após tantas peripécias para comprar os ingressos e chegar e deixar o show em um país que tem problemas crônicos para organizar eventos. Mesmo sem a animação do primeiro show da banda no país, já estou pronto para a próxima! Voltem logo!

*P.S.: tinha um menino na minha frente que só pode ter sido abduzido de algum lugar e colocado no meio do show... ele não esboçava nenhuma reação... em "Vertigo", com todo mundo pulando, fui obrigado a erguê-lo pelos braços e gritar no ouvido dele "Pula, desgraçado!"... depois da música terminada, por algum motivo, ele foi embora...

P.S.2: o momento histórico ficou na participação de Seu Jorge no show... que por mim, poderia ter sido substituída por uma inédita a improvável execução de "The Playboy Mansion".

P.S.3: Setlist, pra quem quer saber.