sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Shutter Island" é ode grandiosa a Hitchcock


Ao assistir "Shutter Island" (no bobo título em português, Ilha do Medo), você pode lembrar de dois filmes: Hide and Seek (Inimigo Oculto), com Robert De Niro, pela proximidade entre protagonista e antagonista (se é que você entendeu a sutileza), ou Vertigo, pela técnica de filmagem, trilha sonora, direção afiada e roteiro impecável.

Obviamente, Martin Scorcese está muito mais próximo de Alfred Hitchcock do que de John Polson (who? - diretor do fraco filme com De Niro) e presenteou as platéias de 2010 com um dos melhores filmes de suspense já feitos.

A história protagonizada por Leonardo DiCaprio tenta confundir, provocar dúvidas, mas sempre deixa rastros concretos do que é desvendado no final, em um roteiro muito bem amarrado e conduzido pelo diretor. Scorcese apostou em angulos obtusos, trilha sonora aguda e incomoda para criar o clima muito mais próximo do thriller psicológico do que do terror que o título em português sugere.

O elenco é um show a parte. Não é a melhor interpretação de DiCaprio em uma parceria com Scorcese (a lembrar - Gangs of New York, The Departed e Aviator - este último, o melhor desempenho de Leonardo), mas como sempre, uma sólida atuação; no elenco coadjuvante, os sempre fantásticos veteranos Ben Kingsley e Max Von Sydow; o novato Mark Ruffallo e dois dos mais obscuros e talentosos novos-velhos atores de Hollywood, Patricia Clarkson e James Earle Haley, que já foram indicados ao Oscar.

A pena é que a Academia já presenteou Scorcese com The Departed, um bom filme, mas muito atrás deste, que é o seu melhor desde os tempos de Taxi Driver e Ragging Bull.

PS: ode e grandiosa parece meio pleonasmo, mas é que eu gostei muito mesmo do filme.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Helena Bonham Carter se destaca em "Alice" capenga


Uma atriz extraordinária, compenetrada e que conseguiu encarar o desafio de fazer um papel caricato se tornar crível, denso e admirável. Helena Bonham Carter é o destaque da superprodução de seu marido, Tim Burton, que pelo resultado, se concentrou somente nos aspectos técnicos do filme "Alice" e esqueceu de dar atenção ao roteiro, direção e deixou os produtores decidirem a duração do filme (aparentemente).

A história não tem consistência. A protagonista passa de uma menina segura e ignorante para uma confiante e onisciente em várias situações, claramente denotando que falta pedaços inteiros da narrativa. A sensação é que "Alice" teria que ter 2h30 ou 3h para ser algo realmente bom e talvez, até épico. No entanto, os produtores marcaram pontos mesmo assim, já que o filme ruma para US$ 400 milhões de arrecadação só nos EUA.

No mais, além de Helena Bonham Carter presentear a todos com uma atuação digna de Oscar como a Rainha de Copas (que fica ainda mais evidente quando contracena com Anne Hathaway, péssima no papel da Rainha Branca), a fotografia de Dariusz Wolski (da trilogia Piratas do Caribe e que já trabalhou com Burton em Sweeney Todd) é o outro grande destaque do filme. E por falar em Piratas, Johnny Depp, no papel do Chapeleiro louco, está apenas ok.

sábado, 24 de abril de 2010

Mano Menezes tem prestígio testado na quarta-feira


Toda a pressão do centenário corintiano para vencer a Libertadores na realidade não é o que objetivamente põe em risco o prestígio do técnico Mano Menezes no clássico Corinthians e Flamengo, destaque das oitavas-de-final da competição sulamericana. O seu prestígio está em risco justamente por representar o profissionalismo tão pregado para ser utilizado nos clubes brasileiros.

De um lado estará um time que busca sanar suas dívidas, triplicou seu faturamento e mantêm o mesmo técnico por mais de dois anos no cargo. Do outro, um time que permite que atletas faltem mais de 10 vezes a treinamentos e que demite seu técnico após um tropeço no estadual, mesmo sendo o atual campeão brasileiro. Ficará muito feio para Mano perder um confronto deste com um time na mão por mais de duas temporadas contra um técnico que terá nem cinco dias para tentar pará-lo.

No mais, apesar de ter encarado um superclássico nacional por ter a melhor campanha da primeira fase, passando pelo Flamengo, o Corinthians terá um caminho teoricamente mais fácil que Inter, São Paulo e Cruzeiro para chegar à sonhada final.

terça-feira, 13 de abril de 2010

FIFA Interactive World Cup Brazil é dos hermanos


É, acho que não adianta não. Nos dois anos anteriores também estive como juiz na maior festa dos maníacos por Fifa Soccer e não deu outra: o mexicano Rubens Zerecero levou na facilidade o bicampeonato. Desta vez, ele não participou. Os boatos mais críveis dizem que ele já se classificou para o mundial de Barcelona pela categoria online; outros, fantasiosos e mais divertidos, dizem que ele virou ator de novelas.

Assim, o caminho ficou livre para os brasileiros, certo? Errado. No último sábado, dia 12 de abril, do nada, um colombiano raquítico, mas competente, veio das balas perdidas de Bogotá para o caos da paulicéia e levar o título da etapa "Brasil" do mundial da FIFA. Javier Muñoz, de 18 anos, e seu escudeiro Iván, levaram oito horas para chegar no Brasil, em um vôo de Bogotá até Lima e depois para São Paulo.

Após ensacolar o brasileiro André Buffo, que com sua simpatia conseguiu ganhar vaias da torcida do seu próprio país, Javier foi para o aeroporto e às duas da manhã, voltava para Bogotá.

Mais uma vez, foi uma diversão participar do evento com a galera mais animada que existe. E bem-vindos Roger e Renan (dupla caipira?), os novatos da turma. E olha eu de papagaio de pirata aí gente (na verdade, ia falar pro cara desligar o flash da máquina pra não atrapalhar).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pick a side, James Cameron


Coming to Brazil to promote the sells of thousands and thousands of DVDs and Bluerays that will consume a lots of megawatts of a movie that lead millions of people to a lot of multiplex that also consume a lot of megawatts and then protest against the construction of a hidroplant that will allow people to consume energy it's a kind of a paradox, agree, Mr. Cameron?

Ok, it's cute, it's everything about your big, big movie, but you don't buy anyone. So, pick a side and get off.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Desmond garante os melhores episódios de Lost


Desmond confirma a regra das mitologias nerds do final do século XIX e início do século XXI: a dos coadjuvantes mais interessantes que os protagonistas, com papéis cruciais nas histórias. O "brotha" da série Lost finalmente reapareceu na sexta temporada, após um relance no primeiro capítulo.

Neste 11º, Desmond é o centro das atenções, sendo levado de volta à Ilha por Charles Widmore. O escocês, ao que tudo indica, será o único capaz de derrotar o smoke monster, pois após três anos dentro da Swan Station, ficou imune a grandes acidentes eletromagnéticos, ganhando o poder de transferir sua mente entre os vários universos paralelos sem perder a consciência.

E aí é que o episódio reaproxima a série da física quântica e a afasta do maniqueísmo religioso puro e simples. E por incrível que pareça, reaproxima também da poesia. Na teoria dos fios, dos múltiplos universos, Desmond mostra como cobaia a explicação para os deja vus, as epifanias, as paixões à primeira vista: e se tudo não fosse uma simples coincidência, mas sim, experiências não de uma vida passada, mas de uma outra vida, possível? Com o capítulo "Happily Ever After", Lost volta a ser uma grande série.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

End of an era: McNabb não é mais dos Eagles


O time que aprendi a gostar na NFL (apesar de verde) acaba de perder seu líder. Donovan McNabb, o quarterback do Philadelphia Eagles, foi trocado por escolhas no draft da próxima temporada. Depois de 11 temporadas junto ao técnico Andy Reed, McNabb vai para um dos piores times da NFL que, quem sabe, com o seu braço, possa melhorar em algo.

A troca só confirma aquilo que acontece com todos os grandes astros: com o tempo, por mais que eles estejam identificados com um time, em qualquer esporte, a troca, a venda, acaba falando mais alto para que não se perca a lucratividade.

No caso dos Eagles, havia dois QB de alta qualidade no elenco após os Eagles apostarem em Michael Vick, que saiu da cadeia para ficar no banco de McNabb. Na próxima temporada, no entanto, o terceiro QB, Kevin Kolb, será o titular segundo declaração de Reed. Espero muito que as escolhas no draft valham a pena para os Eagles finalmente ganharem um título, pois hoje, é o dia em que grande parte da minha torcida acabou de deixar Philadelphia.

sábado, 3 de abril de 2010

American Idol: He's back on track


O top 10 trouxe de volta um dos favoritos ainda do começo do programa e algumas surpresas. Cantando a versão acústica de "Forever", de Chris Brown, Andrew Garcia voltou a agradar e mostrar que não está em perigo de sair do show. Lee DeWyze foi apontado como o melhor da noite, enquanto Crystal Bowersox surpreendeu mais uma vez, só que desta vez, sem o violão e sim ao piano.

Siobhan Magnus abriu o programa e desafinou, derrapando na corrida pelo título junto a Bowersox. Tim Urban foi para o bottom 2 como esperado, mas a eliminada foi a sensual e frágil Didi Benami. Na semana que vem, os Idols atacam o songbook de Lennon e McCartney. Uma chance para provar que não são a pior edição do programa ou para confirmar a triste constatação? Vejamos.

"The Road" escancara o maior inimigo da humanidade


Um filme impressionante, que mexe com os maiores medos da humanidade: a solidão e o sentimento de estar sendo caçado constantemente. Em um cenário pós-apocalíptico, resultado provável de uma catástrofe nuclear, poucos humanos sobram na Terra, não há mais animais ou vegetais para comer ou plantar e a melhor fonte de proteínas são os próprios humanos.

Fugindo de grupos canibais mais incomunicáveis que zumbis, um pai e um filho tentam sobreviver comendo o que acham pelo caminho. Cenas curtas, mas marcantes, de canibalismo e desespero entrecortam uma história tocante em que os sentimentos mais básicos são aflorados e, para quem assiste, a agonia talvez seja o maior deles.

Ótima direção do australiano John Hillcoat e excelente fotografia do espanhol Javier Aguirresarobe, que assina os últimos filmes da saga Crepúsculo. O elenco é estelar, com o protagonista Viggo Mortensen sempre bem e com participações fortes de Charlize Theron, Robert Duvall e Guy Pearce no filme que mostra o maior inimigo da humanidade: ela mesma.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Penais fazem justiça ao Benfica contra o Liverpool


Hoje pude trabalhar de casa e acompanhar os jogos da Europa League (ex-Copa da Uefa), que ainda não havia visto. Grande jogo entres os reds de Portugal e Inglaterra no estádio da Luz. O começo, uma grande surpresa com um golaço de letra do zagueirão Daniel Agger. O Benfica foi para cima e, melhor, só não abria o placar pela falta de mira do centroavante paraguaio Oscar Cardozo (foto).

Tudo ficou ainda mais fácil para os encarnados com a expulsão do holandês Babel. Mas por mais jogadas criadas, sempre Cardozo ou algum outro jogador do time português desperdiçava a chance e o jogo continuava 1 a 0 para os ingleses, que por vezes assustavam a torcida com uma ou outra escapada do sempre perigoso Niño Torres.

No segundo tempo, dois pênaltis justos foram marcados e convertidos pelo centroavante Cardozo, que se redimiu de seus inúmeros erros na partida e colocou o Benfica em boa posição para avançar às semifinais contra o vencedor do confronto entre Valencia e Atlético de Madrid (que empataram hoje no Mestalla em 2 a 2).

As notas fora do jogo vão para a abertura e música da competição, talvez ainda mais bonitas que a da Liga dos Campeões. Que inveja dos europeus, que conseguem criar uma aura de espetáculo em seus torneios, enquanto vivemos a várzea de papéis higiênicos e pilhas arremessadas dentro de campos esburacados e decadentes da Libertadores.