sábado, 13 de agosto de 2011

Mesmo com Spielberg, "Falling Skies" não passa de mediano


Um drama familiar em meio a uma invasão alienígena nos EUA, produzido por Steven Spielberg e estrelado pelo querido Noah Wyle (de ER). Com estes predicados, "Falling Skies", da TNT, foi a maior estreia da TV a cabo nos EUA em 2011, com quase 6 milhões de telespectadores.

Sucesso, certo? Sim, pelos padrões industriais, já que a série já tem garantida a sua segunda temporada para mais faturamento dos produtores. Mas se considerarmos os predicados, o resultado fica aquém do padrão Spielberg de qualidade. A história tenta se basear no drama, mas as atuações e roteiro são ruins; esperava-se efeitos especiais de primeira, mas tudo fica muito perto da chacota "defeitos especiais".

Para piorar, há um fator que irrita a maioria dos não-americanos: a patriotada inserida na história. A resistência aos aliens é conhecida como 2nd Massachusets, em uma alusão ao pelotão que lutou na independência dos EUA contraos claramente superiores ingleses. Em tempo: o personagem do protagonista Noah Wyle é um professor de História.

De positivo, "Falling Skies" teve um bom último episódio, que deixou perguntas que sustentam a curiosidade para a segunda temporada (como são os aliens, quem são eles e como a humanidade prevalecerá).

Uma série que usa com sucesso os elementos de "Falling Skies" (centrada no drama familiar, não na ação) é "The Walking Dead", cuja produção, roteiro e atuações são bem superiores. A previsão de volta da cultuada série da AMC é em outubro.

Brad Pitt é coadjuvante da Natureza em "A Árvore da Vida"


Uma família chora a morte do irmão do meio no interior dos EUA. Brad Pitt é o impositor patriarca, enquanto a desconhecida (bela e competente) Jessica Chastain é a compreensiva e amável mãe dos humanos que tentam protagonizar a h(H)istória. A pergunta "Por que, Deus?" é ecoada pelo diretor Terrence Malick aos quatro cantos do mundo e do universo. E ecoa, ecoa, ecoa por todos os espaços e também tempos, sem resposta.

Em vez de uma explicação divina, há o espetáculo da Natureza, incólume e imparcial, que coloca a humanidade em seu lugar: por que seríamos nós, diante de toda a imensidão de tempo e espaço, especiais, os únicos a obter respostas e os únicos a ter um tratamento diferente diante da nada misericordiosa Natureza?

Pode-se pensar em um filme sem sentido, ou em um filme ateísta ou agnóstico. Mas Malick propõe um final romântico ao filme vencedor da Palma de Ouro no festival de Cannes deste ano: quando não estivermos mais procurando respostas no tempo e espaço, quando tais conceitos forem relativizados ao nada, todos nós, todos os nossos entes queridos e até mesmo os nossos "eus" passados e futuros estaremos juntos, em um lugar que não pode ser medido ou alcançado, onde tudo e todos simplesmente são (teoria que lembra a minha interpretação para o final de Lost).

A pergunta que fica é: diante da proposta de Malick, no que você acredita?

PS: Oscar Nominations Prediction - Film, Director, Screenplay, Editing, Cinematography, Sound and Best Actress on a Supporting Role.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Lars von Trier continua obcecado pelo Apocalipse com "Melancolia"


"Melancolia" reforça a fase de busca pelo apocalipse do diretor mais polêmico e criativo do cinema atual, Lars von Trier. O filme não é tão impactante quanto o anterior, "Antichrist", mas reforça a fase do dinamarquês em que o final dos tempos não sai de sua cabeça.

Se no último filme o universo minimalista do fim está no mundo das ideias e no sexismo, aqui, o final é literal. Melancolia, além de se referir ao sentimento, é um planeta que entra em rota de colisão com a Terra e vai alterando o comportamento da protagonista, Kirsten Dunst, que venceu (talvez não merecidamente) o prêmio de melhor atriz no festival de Cannes.

Assim que o planeta aparece, a personagem tem sua vida e humor afetados, justo na noite de seu casamento. Assim, von Trier parece reforçar que uma crença tida como lúdica nos dias de hoje, a Astrologia, poderia ou deveria ser levada a sério. Neste ponto ideológico, o filme relembra o anterior, que busca em ideias retrógradas (de que as mulheres são o pecado no mundo) e vanguarda de um século que talvez já tenha experimentado todas as "novas ideias".

Na segunda parte do filme, a protagonista e sua irmã, interpretada magnificamente por Charlotte Gainsbourg, recriam os sentimentos da sociedade humana diante do fim. Elas são acompanhadas pelo cunhado/marido metido a astrônomo Kiefer Sutherland (!), que neste microcosmo, seria todos os cientistas que garantiram, errôneamente, que o fim não chegaria. Enquanto a melancólia e depressiva Dunst fica mais cética e indiferente diante da aproximação inevitável do gigantesco astro, Gainsbourg se desespera e dá brilho a um filme menor de von Trier.

Atuações são a cereja do bolo de "Game of Thrones"

Ok, sou nerd e os nerds vibraram com a temporada de estreia de "Game of Thrones". O melhor do capa-espada, Senhor dos Anéis e dos filmes das sessões da tarde da infância foram aperfeiçoados na adaptação para as telinhas do livro de George R. R. Martin (até no nome lembra Tolkien) feita pela idolatrada HBO.

Na aventura que muito lembra a Inglaterra da Idade Média, cheia de Guerras Civis e também pelo mapa em questão, o que faz tudo ficar realmente especial, além da impecável produção, é o elenco. Liderados pelos conhecidos Sean Bean (de O Senhor dos Anéis) e Mark Addy (Full Monty), os coadjuvantes brilham, com destaque para Peter Dinklage.

No papel do anão mais rico e influente de Westeros (o mundo em questão), Dinklange em muito lembra Hugh Laurie em House, se o Dr. do Princeton Plainsboro morasse na Idade Média e tivesse a metade de sua altura. Não é a toa que Dinklage foi indicado ao Emmy de ator coadjuvante e tido como grande favorito ao Oscar da TV americana.

Woody Allen revisita "Rosa Púrpura do Cairo" em "Meia-Noite em Paris"


A magia de "A Rosa Púrpura do Cairo" se fez presente no mais recente filme do nova-iorquino Woody Allen, há tempos exilado de sua ilha e fazendo filmes na Europa. Da maioria dos que eu vi desta nova fase, "Meia-Noite em Paris" é o mais despretensioso deles.

Talvez por isso, Owen Wilson tenha sido escolhido como protagonista - um perfeito americano perdido e apaixonado pela Cidade Luz. O clichê de um "estrangeiro que se encontra em uma viagem pelo exterior" se faz presente, mas não de maneira tão óbvia graças a tal magia - o personagem de Wilson, nostalgico de tempos mais simples, viaja no tempo sempre que as baladas da meia-noite o transformam em Cinderela e sua carruagem.

Destaque para as inúmeras participações de famosos, atores da atualidade que encarnam personalidades da boemia francesa da década de 20 do século passado. A melhor fica com Adrien Brody, que personifica perfeitamente Salvador Dalí.