Um brasileiro que lá estava e nos acompanhou de Metrô (ou Underground) até Wembley disse algo emblemático: "em Londres, todo mundo fala inglês, mas não se ouve inglês". Parece estranho, mas é verdade. Há várias rodas de pessoas, a grande maioria falando outros idiomas, com diferentes feições, e as interações entre essas rodas sempre acontece em inglês. Meu grupo de sortudos da Heineken era prova constante disso.
Londres é uma cidade milenar, emblemática, cheia de castelos e construções imponentes, mas que não conseguem impor sua pompa aos habitantes ou visitantes, como acontece na ofuscante Paris. Ali, a cidade mais bonita do mundo devido o dedo do homem, as construções ditam o cotidiano e se sobressaltam. Em Nova York, a capital globalizada do mundo, o dinheiro empurra as pessoas como em nenhum outro lugar, imperando a impessoalidade fria em suas esquinas previsivelmente opulentas.
Em Londres, as pessoas dão o tom da cidade, mesmo que dali não sejam, mas justamente pelo fato de metade das pessoas não serem dali, os laços entre elas acabem sendo tão importantes, transcendendo fronteiras e exalando toda a cultura mundial em restaurantes, museus e até mesmo nos pubs.
E foi assim neste final de semana mágico, onde os alemães finalmente invadiram a ilha mais poderosa do mundo, com suas faixas predominantemente amarelas, as vezes vermelhas, e tornando o alemão o idioma oficial dos pontos turísticos da cidade da rainha: Picadilly Circus, Trafalgar e Wembley estavam tomados.
(o vídeo também é legal)
Mas lógico que havia exceções, como Felipão e Parreira que estavam fazendo compras na famosa Regent Street ou os brasileiros perdidos na entrada de Wembley. Um nada perdido era o repórter João Castelo Branco, da ESPN Brasil, que nos entrevistou para o pré-jogo.
No jogo, todos que não tinham um partido claro, como eu, acabaram por torcer pelo primo pobre, mas aguerrido, Borussia Dortmund. Mas depois que a marcação-pressão dos amarelos não continuou, ficou claro que a categoria do Bayern de Munique resolveria o jogo: 2 a 1, com gol no finalzinho de Robben.
O que realmente não esperava era que, na saída, onde todos os torcedores passariam por um só corredor e pegariam o mesmo vagão de trem, não houvesse uma só provocação, um só ato de incivilidade entre os rivais alemães. Impressionante.
Voltando a Londres, aliás, é isso mesmo, tenho que voltar à Londres para poder conhecer mais e mais essa que, para mim, é a cidade mais interessante para se conhecer.
PS: o "mind the gap" vem da frase "Please mind the gap between the train and the platform" dita em cada estação de metrô... hipnotizante!
Um comentário:
Show, Victor! Amo essa eletrizante maneira de captar o mundo. Viver bem é para quem sabe absorver o máximo para si... e transmitir com o seu olhar, tal qual janela abtrata - e de incríveis abstrações, um pouco de tudo o que se vive.
Obrigada por me mostrar Londres tão de perto em uma ocasião tão especial.
Abraços!
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