O que é raro de se ver é um filme americano sem grande produção que possa brilhar intensamente tanto quanto ou mais que um "Interestelar", por exemplo. Mas isso acontece e aconteceu com "O AbutreNightcrawler", do estreante diretor Dan Gilroy, irmão menos famoso de Tony Gilroy (diretor de Michael Clayton).
A história de um aproveitador psicopata que resolve tornar-se um cinegrafista amador para fornecer imagens de crimes urbanos aos jornais matutinos não parece tão genial quanto o produto final do filme. O clímax da história me deixou literalmente na ponta da cadeira do cinema por mais de 10 minutos. Tudo isso sem efeitos especiais, sem explosões, somente com uma história muito bem conduzida por um texto absolutamente redondo e pela interpretação magnífica de Jake Gyllenhaal (críticos apontam um Oscar para ele - que deveria ter vindo em Brokeback Mountain).
O personagem central, Lou Bloom, é um produto de nossa sociedade. Dentro da lógica "mate ou seja morto", ele não encontra limites para conseguir o que quer, sucesso, diante de falas que parecem saídas diretas do Google e, muitas vezes, de reuniões corporativas de qualquer grande empresa de qualquer segmento profissional. Mais do que um filme que retrata a vida de telejornais à la Datena, "O abutre" é sim um retrato da sociedade e do tipo de ser humano em que cultuamos como bem-sucedidos.
Jake Gyllenhaal perdeu 20kg e buscou ficar parecido com um coiote faminto para o papel de Lou Bloom - foto: |