domingo, 2 de março de 2014

Oscar 2014: os meus favoritos não são nada favoritos

O Oscar 2014 promete ser o mais disputado do século. Não há clareza em quem levará alguns dos principais prêmios: direção e filme. "12 Anos de Escravidão/12 Years a Slave" e "Gravidade/Gravity" são os dois que têm mais chances de levar. Ambos os filmes dividiram o prêmio do Sindicato dos Produtores de Hollywood, enquanto "12 Anos.." levou o Globo de Ouro. Na direção, o mexicano Alfonso Cuarón arrebatou o reconhecimento do Sindicato dos Diretores com o seu ultrarrealismo audacioso nas filmagens do excelente "Gravidade", mas no Oscar, não só os Diretores votam.

A minha aposta é que a força temática de "12 Anos..." dê vantagem ao filme do britânico Steve McQueen, apontado nos  EUA como "o" filme sobre a escravidão feito até os dias de hoje. John Ridley fez um excelente trabalho ao adaptar o livro do homem negro livre do século XIX que é sequestrado e vendido como escravo. O material deixado por Solomon Northup pode em muito ajudar em alguns diálogos, mas transpor algumas situações para a  audiência do século XXI com certeza exigiu muita reflexão. "Gravidade" deve arrebatar mais estatuetas que "12 Anos...", principalmente os prêmios técnicos.

Os dois favoritos, filmes extremamente sérios em suas temáticas, são filmes muito bons, mas os dois da lista que mais me agradaram foram duas produções quase que sem chances na festa deste domingo na Califórnia e quem não se levam muito a sério. O primeiro é um filme dos irmãos Cohen, que a cada ano, parecem sair mais e mais dos holofotes. "Inside Llewyn Davis/Balada de um Homem Comum" conta a história de um cantor de folk totalmente fracassado na década de 50, em uma narrativa que parece em muito inspirada em David Lynch. O filme começa com uma surra levada pelo protagonista, que só é "explicada" no final do filme, cujo coadjuvante felino dá pistas de que o destino de Llewyn é um constante giro de 360º. O filme concorre ao Oscar de fotografia (que merecia vencer) e mixagem de som (que deve ir para a "Gravidade").

Inesperadamente hilário, "Nebraska" é o melhor filme do diretor Alexander Payne - Foto: www.trendengel.com
Mas o melhor filme, para mim, é "Nebraska". Eu não entendia e nem compartilhava de todo o furor cult pelos outros filmes do diretor Alexander Payne, em "Sideways" e "The Descendants/Os descendentes". Desta vez, o tal furor não é tão grande, mas o filme, sim! Retratando o processo de deterioramento da sanidade mental de um pai de família octagenário (Bruce Dern, indicado ao Oscar de melhor ator), o filme é um road-movie familiar em que a razão dá lugar ao coração, com diálogos diretos, sem cerimônia e extremamente hilários. Grande destaque para as falas sem papas na língua e a interpretação impagável de  June Squibb, a matriarca. O Oscar de melhor coadjuvante deveria ser dela! Além do Oscar para Squibb, "Nebraska" talvez merecesse o de roteiro original. As indicações como filme, direção e fotografia são totalmente justas.

Bom, mas existe uma diferença entre o que gostaríamos que ganhasse e o que achamos que vai ganhar. Segue a lista do que eu acho que vai acontecer nesta noite de domingo!

Filme: "12 Anos"
Direção: Steve McQueen "12 Anos"
Atriz: Cate Blanchett "Blue Jasmine"
Ator: Matthew McConaughey "Clube de Compras Dallas"
Atriz coadjuvante: Lupita Nyong'o "12 Anos"
Ator coadjuvante: Jared Leto "Clube de Compras Dallas"
Fotografia: "Gravidade"
Roteiro Original: "Ela"
Roteiro Adaptado: "Capitão Phillipps"
Melhor Animação: "Frozen"
Filme Estrangeiro: "A Grande Beleza" (Itália)
Edição: "Gravidade"
Direção de Artes e Cenários: "12 Anos"
Figurino: "O Grande Gatsby"
Maquiagem: "Clube de Compras Dallas"
Trilha Sonora: "Gravidade"
Música: "Ordinary Love" - U2
Som: "Gravidade"
Edição de Som: "Gravidade"
Efeitos Visuais: "Gravidade"







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