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sábado, 22 de agosto de 2009
O cinema em seu estado puro
"La teta asustada" foi o vencedor do Festival de Berlim deste ano, o que é mais um mérito desta premiação que tenta ser totalmente "out of the box". O filme é o meu primeiro registro sobre o cinema peruano em toda a vida, mas desconfio não estar diante de um exemplar típico do cinema de lá, mas sim de uma obra-prima de um gênio: a diretora Claudia Llosa.
Nesta história inusitada, que conta com a protagonista Fausta, uma espécie de semi-Kaspar Hauser das favelas de Lima, a diretora remonta o cinema a sua linguagem primordial: às imagens. Todos os planos são magníficos e muito bem estudados, falam e contam a história, mas sem palavras, sem poluições às imagens.
Clichês não foram bem-vindos para contar a história, que foi pensada para ser completada com os nossos olhos e cérebros, um convite ao abandono dos esteriótipos usados pelo cinema americano para a compreensão dos enredos.
Além da direção, ponto alto também para a protagonista, interpretada pela atriz de beleza singular Magaly Solier. Ela vive Fausta, fruto de uma mãe indígena estuprada enquanto estava grávida e enclausurada durante toda a vida pelo trauma vivido enquanto ainda era um feto. Com a morte de sua mãe, Fausta é obrigada a abandonar a agorafobia de sua ignorância para arrumar dinheiro para o enterro. As transformações da protagonista, que deve decidir entre ser sufocada pelo medo ou se jogar à vida, são parte da mágica e desta lição da diretora que para mim entra no rol dos "must sees" do cinema atual.
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