A nova fase de James Bond, inaugurada com Casino Royale, foi fortemente influenciada pela franquia-surpresa dos filmes de ação do agente americano Jason Bourne. Após um início promissor e à altura dos filmes estrelados por Matt Damon, sem mais os gadgets que tornavam as peripécias de Bond ainda mais inverossímeis, parece que 007 não conseguiu manter o fôlego no novo Quantum of Solace.
A série Bourne parece ter conseguido algo extremamente difícil: uma trilogia onde simplesmente todos os filmes são bons e conseguem manter um aumento gradativo na qualidade, mudando seu estilo e mantendo uma unidade artística clara em cada quadro (ganhos claramente obtidos com a direção de Paul Greengrass nos dois últimos filmes).
Quantum of Solace parecia ter um diretor à altura para até mesmo superar a excelente boa impressão causada por Casino. No entanto, o Cult Marc Forster (que teve seu melhor resultado em Finding Neverland) não conseguiu manter uma unidade no filme: as cenas de ação (especialmente lutas) são excessivas e muitas vezes incompreensíveis. Enquanto em Bourne a handheld câmera impõe um charme único, em Quantum a câmera quase provoca labirintite. Além disso, o novo filme se distancia demais da tradição dos outros 21 filmes com o agente britânico: a trilha sonora clássica praticamente não se faz presente e a famosa frase, pela primeira vez, não está lá!
O que o filme tem de bom é a contemporaneidade da política internacional. Realmente, enquanto o foco está no Oriente Médio, outras regiões do mundo, estão claramente fora do foco, como o Haiti, Venezuela, Bolívia e até o Brasil (citado no filme como sob o comando de um marxista... o que todos nós sabemos que não é mais verdade), podendo ser exploradas por organizações que visam o lucro acima de tudo (que podemos considerar quase todas em todo o mundo), até mesmo sobre a sede dos pobres cucarachos.
Mas a pergunta que realmente fica é: será que Hollywood está sem atrizes latinas a ponto da produção ter de eleger uma ucraniana bronzeada para representar a Bond-girl da vez?
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