sábado, 13 de abril de 2013

Cidadania: a coerção do que faz bem (reflexão sobre a maioridade penal)

A redução da maioridade penal é o assunto da semana depois do estúpido assassinato do estudante Victor Depmann, morto com um tiro na cabeça por causa de um celular por um menor que completou hoje 18 anos. Como se entregou antes da maioridade, poderá cumprir pena socioeducativa e sair em três anos. A pauta do dia é a redução da maioridade penal para 16 anos, algo que até já virou disputa política entre PSDB (governo estadual) x PT (governo municipal e federal).

Deixando de lado as pícuinhas, acho razoável a redução da maioridade penal aos 16 anos. Mas e o caso da adolescente de 15 anos que matou um turista em Santos? E se algum menino ou menina cometer um assassinato aos 12, vamos reduzir a maioridade penal a este limite também? O pedido pela redução da maioridade penal vem de dois tipos de pessoas: os eufemicos, que na verdade gostariam que todos os "favelados morressem" (sim, milhões de pessoas querem isso), ou os imediatistas, que querem uma solução instântanea para o problema.

A questão é os problemas no Brasil sempre são tratados com imediatismo, com remediação e nunca prevenção. Podemos sim reduzir a maioridade para 16 anos, mas quando vamos parar de negligenciar educação e oportunidades descentes a um contigente de milhões de jovens que não conseguem enxergar as opções que têm além da criminalidade?

Podemos fazer passeatas todos os dias para lutar contra a corrupção, falta de educação, saúde e vergonha na cara dos políticos, mas quem é que tem tempo e disposição para tal? Eu não tenho tempo e confesso, com certa vergonha, que não tenho disposição para "sair às ruas e lutar pelos meus direitos".

Mas existe uma coisa que todos podemos fazer e está ao nosso alcance, diariamente: sermos cidadãos e agirmos de maneira consciente e benéfica para a socieade, e não para o nosso próprio bem. Não falsificar carteirinhas de estudante (que levaram ao aumento absurdo de ingressos em todo o país, já que o preço real é a meia entrada, pois todos falsificam), não jogar lixo pela cidade, não achar normal furar filas, não achar normal ter que pagar "comissões", não achar normal fazer o errado porque "todo mundo faz". Um bom exemplo disso é a faixa de pedestres: quem não respeita, já ganha olhares feios de boa parte de quem está em volta.



Um filme em particular me vem a mente e uma lição tirei dele: princípios só são princípios quando os usamos mesmo de forma inconveniente a nós mesmos. A personagem principal de "The Contender", interpretada por Joan Allen, é a mensageira desta frase que nunca saiu da minha cabeça (não veja o vídeo se você não assistiu ao filme; veja se você já viu e quer relembrar)

Onde o certo é regra, o errado é mais difícil de ser cometido. Ser cidadão e pregar este espírito e exercer a coerção do que faz bem para todos é o caminho mais longo para evitarmos tragédias, mas é o único que trará a estabilidade com certeza. Vamos começar? Todos os segundos são um convite para tal. Eu tento e espero estar mais acertando que errando. E você?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Patriotada premonitória?

O filme "Invasão à Casa Branca" (Olympus has Fallen, no termo técnico da CIA, muito mais legal, by the way) tem tudo o que revolta os anti-americanos: trilha sonora grandiloquentemente irritante, apologia às armas, discursos de "we will prevail no matter what" e um cara que consegue fazer de um tudo, vivido por Gerald Butler.

Eu não sou anti-americano (pelo contrário) e gosto sim de filmes de ação. Óbvio que eles são melhores quando são tecnicamente inovadores (como a trilogia Bourne) ou tem realmente um roteiro por trás deles (como Casino Royale ou até mesmo Skyfall). Não é muito o caso de "Invasão à Casa Branca", que no máximo absorveu a sanguinolência de "The Walking Dead" para retratar as dezenas de mortes/assassinatos à queima-roupa.

O mérito do filme está em sua atualidade até mesmo de acordo com sua semana de estreia: os terroristas são da Coreia do Norte, que (ainda bem) não sai do chove-não-molha com seu ataque nuclear aos EUA. Em uma versão rocambolicamente impossível, o filme é um manual como a Coreia do Norte deveria proceder para conseguir seus objetivos. A falha do roteiro talvez seja em apostar na ação e não em explorar quais são esses motivos, que ninguém sabe ao certo quais são do lado de cá da telona.

O elenco está acima da história, com Butler com protagonista, Aaron Eckhart e Morgan Freeman tirando de letra a superficialidade dos papéis e Rick Yune (que não via desde de Die Another Day), como o vilão.

Se você está de férias e não tem o que fazer, assista!