terça-feira, 29 de novembro de 2011

Discussões éticas elevam "The Walking Dead"

Se a primeira temporada foi basicamente um drama familiar tocante, com a assinatura de Frank Darabont (The Shawshank Redemption), a segunda temporada visita ainda mais o psicológico dos personagens, usando o microcosmos do grupo que tenta sobreviver ao apocalipse humano para discutir ética com todos os telespectadores.

O grupo liderado pelo Sheriff Rick acaba em uma fazenda em que o dono impõe limites aos convidados. Cada vez mais essas novas leis se contradizem com a situação apocalíptica vivida por todos e a série pergunta: quando não há mais lei, a ética continua a existir? Ela se sobrepõe à necessidade de sobreviver onde, literalmente, há canibais atrás de você?

O personagem vivido por Jon Bernthal, Shane, personifica o desafiador das regras e impõe tons de cinza aos clichês entre "bonzinho" e "do mal". Sentados em nossos sofás, podemos condená-lo, mas o que faríamos em seu lugar? O final da meia-temporada, quando o dilema está em tratar os zumbis como humanos ou não, termina totalmente sem respostas certas ou erradas, com um soco no estômago de todos os personagens e espectadores. Shane acredita que eles são somente monstros, que devem ser abatidos em nome da segurança. Mas quando a menina Sofia, transformada em "walker" vem em direção ao grupo, Rick é quem toma a difícil decisão de abatê-la. O silêncio é cortante.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eu, narrador esportivo

Sem palavras a emoção de fazer parte deste time, tanto por ser o Corinthians, quanto pelas pessoas que lá estão. Lesionado, não estou jogando (no momento) e o destino (e o Trigo também) se encarregou de me dar uma nova função para o time. Veja aí na matéria da Gazeta na insuperável vitória sobre o Santos por 79 a 0.

“Gigantes de aço” é tudo o que um filme americano quer ser


Divertido, emocionante, bem dirigido, editado, com um roteiro na medida e, sobretudo, com atuações afiadas. O atual campeão de bilheteria dos EUA, “Gigantes de Aço” (Real Steel) é um blockbuster com cérebro e, principalmente, coração.

O filme se passa em 2020, quando o MMA e o boxe já não são mais atividades humanas, mas sim, destinadas a robôs. O ex-boxeador e apostador inveterado interpretado por Hugh Jackman têm sua vida mudada com a entrada de seu filho (Dakota Goyo) em sua vida.

Mesmo recheados de clichês dos filmes onde os underdogs conseguem dar a volta por cima, a química entre um roteiro muito bem escrito e a dupla de protagonistas criou um clássico instantâneo do gênero “Family Entertainment”. E, além disso, quem sabe, um grande azarão para a temporada de prêmios do cinema (leia-se Globo de Ouro e até mesmo o Oscar).

O filme tem dois paralelos interessantes: com os robôs, remete ao acéfalo ultra-blockbuster “Transformers”, que não chega aos pés de “Gigantes de Aço”; e com o boxe, remete ao filme “O Campeão”, recentemente considerado o mais triste de todos os tempos. Só que no clássico do século XXI, a ligação entre pai e filho parte de direções opostas para um final feliz, diferentemente do filme protagonizado por Jon Voight.

Outro aspecto interessante do filme está nos gadgets usados pelos personagens, apontando tendências de um futuro muito próximo. Celulares e laptops são translúcidos e holográficos. Fica a dica para a Apple e concorrentes, que, com certeza, se inspiraram em “Minority Report” para criar as onipresentes telas touchscreens de hoje.

Soderbergh revisita a ficção-documental em “Contágio”

O diretor Steven Soderbergh reuniu um elenco estelar para dirigir sua nova produção, “Contágio” (Contagion). O filme retrata o início de uma pandemia viral de origem desconhecida e com uma grande velocidade para se espalhar por todo o globo. Nas primeiras cenas, acontece algo que sempre povoou minha imaginação: a morte de um figurão do cinema já no início.

Tudo é tratado de maneira documental, sem sangue jorrando, sem o pânico de outros filmes do gênero. Ficamos sabendo de protocolos biológicos usados pela Organização Mundial da Saúde e como cientistas lidam com situações como esta, com referências reais à recente pandemia do H1N1. O estilo relembra bastante outra produção do diretor, Traffic, mas ainda mais polido, sem maniqueísmos.

Do macrocosmos de decisões internacionais ao microcosmos da famílias dizimadas pela nova doença, ninguém é somente herói, ninguém é somente vilão, e todos são afetados e alterados por uma nova realidade que está presente em todos os cantos do planeta.

Apesar do choque de realidade impresso pelo renomado diretor, o que mais atrai no filme é o seu sutil approach metafórico da pandemia. O que mais aterroriza não é o contágio do vírus, mas o do ódio, da selvageria, do medo, egoísmo e amoralidade que se espalha muito mais rapidamente do que as metástases celulares ribossômicas que ajudam a pandemia. De perto, somos todos a mais virulenta das pestes.

Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Marion Cotillard, Kate Winslet, Lawrence Fishburne, John Hawkes e Jude Law (todos eles indicados e ou vencedores do Oscar, assim como Soderbergh) estão no filme que é, até agora, o favorito ao Oscar de melhor filme, direção, roteiro, edição, fotografia, som, edição de som e trilha sonora do ano que vem.