sábado, 27 de junho de 2009

"Jean Charles" se aproxima do documentário

Depois de muito tempo, não me lembro exatamente quanto, fui ao cinema para assistir um filme nacional. A história do mineiro Jean Charles, morto brutalmente pela polícia londrina, me marcou muito. Já tive chance de ir a Londres quando estava em Paris e não quis ir exatamente por causa do brutal assassinato.

E esta sexta marcou a estréia do inevitável filme sobre o caso. O diretor Henrique Goldman escolheu um posicionamento técnico próximo ao documentário, pelos enquadramentos, fotografia e, principalmente, pelo roteiro e casting. Os personagens falam o português corrente, como o bom português corrente do excelente protagonista Selton Mello, e o fantástico inglês macarrônico do não menos louvável coadjuvante Luis Miranda.

Tirando alguns excessos novelísticos, como o quase final feliz escolhido pela história, o filme é uma experiência para sentir na pele o drama do brasileiro comum que vai tentar a sorte em uma terra distante. Londres, Miami, Nova York, Madri. Em qualquer uma destas cidades há sempre um Jean Charles pronto para ser esmagado pelo preconceito, pela exploração, pelo capitalismo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson já estava morto

O "Rei do Pop" morreu nesta quinta, de ataque cardíaco. Mas para a grande maioria das pessoas, Michael já havia morrido após o disco HIStory, sua última relevante contribuição para o mundo da música. O pop foi mudado por Michael com certeza, mas a sua morte já havia acontecido na década passada.

O que resta de lição é como o mundo do entretenimento deve tratar astros prodígios. Michael teve a infância destruída pela família desestruturada e pela pressão de ser o astro do Jackson 5. Depois, nunca apresentou um histórico de instabilidade mental, com a tentativa obsessiva e com sucesso de tornar-se branco e as inúmeras acusações de abuso sexual de menores.

Se Michael nunca se firmou como indivíduo, sua morte serve para recordar o ícone midiático, que já havia morrido há anos e que será ainda mais reverenciado pelos fãs.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Valorização ou desvalorização?

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu que a partir do próximo ano, a categoria de melhor filme irá ter 10 indicados em vez dos cinco tradicionais. Tudo, segundo o presidente Sid Ganis, "para reconhecer filmes fantásticos que acabam ficando de fora da lista".

No entanto, o histórico recente do Oscar mostra que alguns filmes nem tão fantásticos assim podem vencer a estatueta, como Skakespeare in Love, Chicago ou The Departed (remake feito por Scorcese de um filme cantonês muito superior). Talvez o espaço para injustiças ainda maiores tenha apenas sido ampliado.

As cinco indicações podem continuar sendo injustas, mas valorizam os filmes que conseguiram chegar lá. Com a nova medida, os dez indicados podem virar só arroz de festa.