Depois de muito tempo, não me lembro exatamente quanto, fui ao cinema para assistir um filme nacional. A história do mineiro Jean Charles, morto brutalmente pela polícia londrina, me marcou muito. Já tive chance de ir a Londres quando estava em Paris e não quis ir exatamente por causa do brutal assassinato.
E esta sexta marcou a estréia do inevitável filme sobre o caso. O diretor Henrique Goldman escolheu um posicionamento técnico próximo ao documentário, pelos enquadramentos, fotografia e, principalmente, pelo roteiro e casting. Os personagens falam o português corrente, como o bom português corrente do excelente protagonista Selton Mello, e o fantástico inglês macarrônico do não menos louvável coadjuvante Luis Miranda.
Tirando alguns excessos novelísticos, como o quase final feliz escolhido pela história, o filme é uma experiência para sentir na pele o drama do brasileiro comum que vai tentar a sorte em uma terra distante. Londres, Miami, Nova York, Madri. Em qualquer uma destas cidades há sempre um Jean Charles pronto para ser esmagado pelo preconceito, pela exploração, pelo capitalismo.