Antes mesmo de começar a falar do filme, um mea culpa: não há desculpas para ninguém, inclusive eu, ter demorado tanto a assistir este filme. Michael Moore o disponibilizou para download gratuito em seu site há dois anos (Slacker Uprising está lá, verei esta semana!). Nossa falta de vontade em assistir este que talvez seja seu melhor documentário-denúncia só dá mais valor às ações promocionais mirabolantes e milionárias dos estúdios para filmes CGIs como Wolverine.
Voltando ao documentário, Sicko foi "vendido" pela crítica da época como o filme em que Michael Moore denunciava o mercantilismo do sistema de saúde dos EUA, o único país ocidental com sistema privado, e também marcado pela ousadia do mais famoso gordo de Flint, Michigan, em tentar invadir Guantanamo com um bando de americanos moribundos.
A prisão americana encravada em Cuba é o único lugar do território dos EUA em que há serviço público de saúde gratuito. A grande ironia é que os terroristas do 11/09 estão presos lá e com todos os cuidados, enquanto muitos dos voluntários da remoção dos destroços imploravam em vão com Michael Moore para serem atendidos na prisão, pois em Nova York nada conseguiram de suas companhias de seguro.
No entanto, Sicko é mais do que uma visão crítica e totalmente patriótica de Moore à "land of the free, home of the brave". Sua indignação não é somente contra o seu país, capaz de ser o mais rico e inventivo do mundo e que não consegue pesar o lucro diante da vida, mas sim uma crítica à humanidade como um todo, ainda capaz de permitir que atos barbáricos aconteçam todos os dias, diante de nossos olhos: pessoas morrendo de frio, de fome, morrendo em filas de hospital (como no Brasil), ou sendo enxotadas de um lugar que deveria representar garantia de vida para todos, mas na verdade é apenas mais um modo dos CEOs, os Césares de hoje, jogarem a plebe aos leões.
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