quinta-feira, 14 de abril de 2011

Necessária, turnê 360° mantém U2 no topo


Em algum momento do show desta quarta-feira, Bono agradeceu aos músicos do Muse por abrirem o show "e trazem a modernidade do século XXI para esta aventura sulamericana". Inteligente declaração de Bono, que se não fosse inteligente, não seria Bono. Ele sabe que o último álbum de sua banda, "No Line on the Horizon", não trouxe a inovação necessária para produzir novos hits, como aconteceu nos álbuns excelentes anteriores.

Por isso, se o álbum-base da nova turnê não foi o sucesso previsto em vendas ou críticas, o megashow foi. Recorde em arrecadação em toda a história, a turnê que aposta em um palco que quase não tem frente e um telão que permite a tal visão global foi a melhor que já aportou no Brasil. E se o telão é um show a parte para os olhos, seu destaque não foi quando ele transmitiu detalhes das perambulices de Bono & Cia. no palco, mas sim quando ele foi a transposição sinestésica de "City of Blinding Lights" e da alternativa e excelente "Zooropa" (que só eu cantei no meu pedaço da pista... aliás, cantei e pulei em todas as músicas).

Os clássicos são sempre clássicos e levantam a galera*. "One", "With or Without You", "Sunday Bloody Sunday" e, pra mim, a melhor ao vivo, "Where the Streets Have No Name" são imbatíveis. Mas talvez o melhor momento tenha sido no também clássico "I Still Haven't Found What I'm Looking For", quando Bono (com a voz prejudicada da sequência de shows) deixou a primeira parte para o público cantar. Depois, ele fez um comentário que emocionou: "Em muitos lugares, nós cantamos para o público... aqui, o público canta pra gente; em muitos lugares, nós fazemos o show para o público... aqui, o público faz o show pra gente".

Muito bom receber esta declaração da maior banda do mundo após tantas peripécias para comprar os ingressos e chegar e deixar o show em um país que tem problemas crônicos para organizar eventos. Mesmo sem a animação do primeiro show da banda no país, já estou pronto para a próxima! Voltem logo!

*P.S.: tinha um menino na minha frente que só pode ter sido abduzido de algum lugar e colocado no meio do show... ele não esboçava nenhuma reação... em "Vertigo", com todo mundo pulando, fui obrigado a erguê-lo pelos braços e gritar no ouvido dele "Pula, desgraçado!"... depois da música terminada, por algum motivo, ele foi embora...

P.S.2: o momento histórico ficou na participação de Seu Jorge no show... que por mim, poderia ter sido substituída por uma inédita a improvável execução de "The Playboy Mansion".

P.S.3: Setlist, pra quem quer saber.

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