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domingo, 10 de janeiro de 2010

FLEC expõe riscos ao crescimento de Angola


Como é sabido, as divisões políticas impostas pelos colonizadores europeus no século XIX aos agoras países africanos são a fonte de quase a totalidade dos conflitos praticamente onipresentes no continente. E o caso de Cabinda, a pequena província angolana hoje rica em petróleo, não é diferente.

À data da independência de Angola de Portugal, 1975, Cabinda foi considerada parte do território, o que é contestado desde então pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, FLEC. A Organização, que até então era apenas um apêndice na história de Angola para a comunidade internacional, conseguiu destaque ao atacar à tiros o ônibus da seleção do Togo, que iria disputar a Copa Africana de Nações que começou hoje. Cabinda, junto a Lubango, a capital Luanda e Benguela, é uma das sedes da competição.

O que não é sabido por mim e creio que pela maioria de todos fora de Angola é o quanto a FLEC representa a população de Cabinda, insatisfeita com a divisão dos royalties de suas jazidas de petróleo, que são mais de 65% de tudo o que país produz. Seria o mesmo que o crescimento do Brasil fosse impulsionado pelo estado do Acre. O quanto as aspirações dos acreanos significariam diante de todo o restante do país, muito maior e mais populoso e mais importante, até a exploração do petróleo começar? Provavelmente, muito pouco, como no caso de Cabinda.

O governo do presidente José Eduardo dos Santos deveria se preocupar é com os riscos à estabilidade que a FLEC pode produzir aos olhos dos investidores internacionais, que colocaram dinheiro em todos os equipamentos e infraestrutura na exploração do petróleo. Além disso, a Copa Africana de Nações fica abalada com a saída de Togo e a imagem de Angola riscada como potencial sede africana de uma próxima Copa do Mundo no continente.

A discussão de uma verdadeira distribuição de recursos à Cabinda a ponto de satisfazer sua população seria justa para que o sentimento separatista fosse dissipado. Cabinda não têm condições de ser um país independente. Para isso, teria primeiro que obter apoio e reconhecimento internacional; atualmente, pouca gente sabe sequer de sua existência.

Outro fator importante está em sua nomenclatura: Cabinda não é um enclave em Angola, e sim um exclave, pois está cercada pelo mar e pela instável República Democrática do Congo. Atualmente, as ricas reservas de petróleo de Cabinda são angolanas e uma guerra contra Angola não seria bem-vinda o gigantesco vizinho. Já uma invasão a uma Cabinda independente seria rápida e sem grandes conseqüências, pois o pequeno território não seria visto internacionalmente como o Kuwait na década de 1990.

P.S.: Na foto, a bandeira de Cabinda livre, segundo a FLEC.