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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Capitão América é o anti-Jack Bauer

Esqueça as explosões, as lutas milimetricamente coreografadas, o som perfeito das balas e mísseis, a edição impecável das cenas que fazem todos acreditar que Chris Evans é mesmo o Capitão América. O que a nova aventura do man-with-a-shield ("Capitão América 2: O Soldado Invernal/Capitain America 2: The Winter Soldier" - nome horrível aliás, parece que o subtítulo tem que trazer o nome do vilão, quando o filme é muito mais que isso) quer perguntar não é se você adorou o excelente filme de ação, mas sim, o que é realmente liberdade no século XXI (para todos nós) e se o que os EUA preconiza como política de segurança está realmente de acordo com os ideais de liberdade nos quais o país se vangloria ter sido fundado (para os americanos).

A identidade do Soldado Invernal é uma das surpresas do filme, que traz ecos do primeiro Capitão América - Foto: http://marvel.com/captainamerica#/gallery

Guantanamo, Talibã > Al-Qaeda > Bin Laden, Saddam Hussein, espionagem da Internet, são alguns dos exemplos das instituições ou ações realizadas pelos EUA em nome da segurança e estabilidade, que, como alguns dos exemplos citados, se mostram ineficazes ao longo dos anos e acabam se virando contra o criador.

O Capitão América simboliza todas as ações corretas, sem meias medidas, necessárias para que realmente haja liberdade, com seus ônus e bônus. No mundo buscado pelos vilões do filme, sobrariam no mundo apenas aqueles que não questionam, não pensam, não fazem contraponto ao status quo. O herói do filme é o anti-Jack Bauer, personagem da excelente série "24" (que está para voltar neste ano - YES!), que fazia de tudo, mesmo, até mesmo sacrificar amigos e familiares, em nome de "um bem maior". O que o novo "Capitão" nos convida a fazer é se perguntar: "bem maior" para quem?

O filme tem a excelente direção dos irmãos Russo (Anthony e Joe), que até agora eram famosos por dirigirem comédias, no cinema e na TV. Além disso, o real vilão do filme é ninguém menos que um dos maiores mocinhos da história de Hollywood, Robert Redford. Só isso já vale o ingresso.

E no final, temos uma introdução do próximo "Avengers", que finalmente trará um ator alemão personificando a tal organização nazista HYDRA: Thomas Kretschsmann. Mas "Age of Ultron" só estreia em 2015. Aguardemos!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dilema que assombra a Ucrânia há séculos reaparece em Kiev

Leis contra reuniões para protestar contra um governo que não age com transparência diante da população que o elegeu acabam por gerar mais revolta em uma democracia recém-instaurada. Não, não estou falando de algo que pode acontecer no Brasil em alguns meses, mas sim sobre a Ucrânia, que hoje enfrenta o dia mais sangrento desde que os protestos começaram no fim de 2013. Milhares estão nas ruas de Kiev, tomaram a prefeitura e cercaram a polícia, em um confronto que já causou dezenas de mortos - acompanhe pelo link.

Kiev em chamas - Live streaming de http://rt.com/on-air/ukraine-central-kiev-protest/ - 18 de fevereiro de 2014

Só que na Ucrânia, diferentemente do Brasil ou a Tailândia, onde a corrupção e a falta de transparência no uso do dinheiro público causa uma latente revolta da população, há um componente histórico recorrente: o dilema entre a internacionalismo ou a russificação? O dilema é inclusive o título de um livro dos anos 60, escrito por Leonid Dzuba.

A Ucrânia vive um período único em sua história. Há 22 anos, é um país independente. Nunca, por tanto tempo, conseguiu ficar sem o domínio claro de uma potência estrangeira. O outro período de maior "independência" foi de 1917 a 1921 - o fim dos czares deu a falsa esperança que os bolcheviques permitiriam que um povo com uma cultura definida pudesse ter finalmente o seu próprio país, com suas próprias fronteiras.

Aliás, a palavra Ucrânia quer dizer isso mesmo, fronteiras... algo constantemente alterado durante os séculos de existência desta nação. A Ucrânia sempre esteve no meio de outras potências e, para escapar do domínio de uma, fazia alianças com a outra, que, invariavelmente, tornava-se o próximo poder opressor. Foi assim com o Império Bizantino e os mongóis, com os poloneses e os russos, com os nazistas e os soviéticos. No entanto, quem mais esteve no domínio da Ucrânia foram os russos, que deste 1654 (Tratado de Pereyaslav - fim do domínio polaco-lituano), praticamente anexaram o país.

E este é o principal motivo dos protestos: os ucranianos querem o fim da influência russa sob o país, algo que não parece ser o desejo do governo do presidente Viktor Yanukovych, que esteve perto de assinar um acordo comercial com a União Europeia (Internacionalismo), mas, por fim, assinou um acordo de mais de 15 bilhões de euros em compras de títulos nacionais por parte de Vladimir Putin (Russificação).

Além do desejo de realmente ser independente da Rússia, feridas históricas afastam a maioria da população do desejo de continuar sobre a esfera da Moscou. O fato mais marcante é o "Holodomor", política de genocídio aplicada por Stalin em 1932 e 1933 contra os camponeses ucranianos que não colaboraram com o plano quinquenal. A ação, que consistia cortar o fornecimento de alimentos a regiões do país, causou mais de 3 milhões de mortes diretas e 6 milhões de forma indireta, devido à desnutrição da geração posterior. O fato ainda é contestado historicamente.

Vamos ver o que os próximos dias e meses trarão para a continuidade destes poucos anos, inéditos, de independência da Ucrânia. A história mostra que escolher um lado contra o outro nunca trouxe resultados definitivos para que a terra chamada de "fronteira" pudesse ter as suas intactas por muito tempo. Chegou a hora de realmente caminhar com as próprias pernas?

Para saber mais sobre a história da Ucrânia, além da óbvia (e fantástica) Wikipédia, indico a série de documentários do cineasta polonês Jerzy Hoffman. São longos, mas pra quem gosta de História, dá pra assistir um por dia de boa (vi todos hoje). Seguem os links abaixo:

Ukraine - Birth of a Nation - Parte 1

Ukraine - Birth of a Nation - Parte 2

Ukraine - Birth of a Nation - Parte 3

Ukraine - Birth of a Nation - Parte 4

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vitória do Mazembe materializa Mundial de Clubes


Finalmente o sentido do Mundial de Clubes da FIFA se fez presente nesta que já é a sétima edição do torneio. A disputa, que veio substituir o Torneio Intercontinental da Toyota, entre o campeão sulamericano e o europeu, trouxe mais times, cada um de um canto do mundo: o campeão local, o campeão asiático, o africano, o da Oceania e da América do Norte e Central também tem a sua chance.

E hoje, a vitória merecida e convincente dos congoleses do Mazembe por 2 a 0 em cima do Internacional de Porto Alegre materializou a razão da existência da competição: promover o esporte em centros menos desenvolvidos e tradicionais, e sim, dar ao título de campeão mundial a sua devida amplitude.

O Mazembe agora aguarda o vencedor de Internazionale de Milão e Seongnam Ilhwa, da Coréia do Sul. Os italianos vão ter que lidar com uma zebra por vez.

PS: o primeiro gol é de quem sabe jogar bola. Linha de passe de quase um minuto para a assistência consciente de cabeça e um chute colocado de quem vai longe. Kabangu é o nome do gol!

domingo, 10 de janeiro de 2010

FLEC expõe riscos ao crescimento de Angola


Como é sabido, as divisões políticas impostas pelos colonizadores europeus no século XIX aos agoras países africanos são a fonte de quase a totalidade dos conflitos praticamente onipresentes no continente. E o caso de Cabinda, a pequena província angolana hoje rica em petróleo, não é diferente.

À data da independência de Angola de Portugal, 1975, Cabinda foi considerada parte do território, o que é contestado desde então pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, FLEC. A Organização, que até então era apenas um apêndice na história de Angola para a comunidade internacional, conseguiu destaque ao atacar à tiros o ônibus da seleção do Togo, que iria disputar a Copa Africana de Nações que começou hoje. Cabinda, junto a Lubango, a capital Luanda e Benguela, é uma das sedes da competição.

O que não é sabido por mim e creio que pela maioria de todos fora de Angola é o quanto a FLEC representa a população de Cabinda, insatisfeita com a divisão dos royalties de suas jazidas de petróleo, que são mais de 65% de tudo o que país produz. Seria o mesmo que o crescimento do Brasil fosse impulsionado pelo estado do Acre. O quanto as aspirações dos acreanos significariam diante de todo o restante do país, muito maior e mais populoso e mais importante, até a exploração do petróleo começar? Provavelmente, muito pouco, como no caso de Cabinda.

O governo do presidente José Eduardo dos Santos deveria se preocupar é com os riscos à estabilidade que a FLEC pode produzir aos olhos dos investidores internacionais, que colocaram dinheiro em todos os equipamentos e infraestrutura na exploração do petróleo. Além disso, a Copa Africana de Nações fica abalada com a saída de Togo e a imagem de Angola riscada como potencial sede africana de uma próxima Copa do Mundo no continente.

A discussão de uma verdadeira distribuição de recursos à Cabinda a ponto de satisfazer sua população seria justa para que o sentimento separatista fosse dissipado. Cabinda não têm condições de ser um país independente. Para isso, teria primeiro que obter apoio e reconhecimento internacional; atualmente, pouca gente sabe sequer de sua existência.

Outro fator importante está em sua nomenclatura: Cabinda não é um enclave em Angola, e sim um exclave, pois está cercada pelo mar e pela instável República Democrática do Congo. Atualmente, as ricas reservas de petróleo de Cabinda são angolanas e uma guerra contra Angola não seria bem-vinda o gigantesco vizinho. Já uma invasão a uma Cabinda independente seria rápida e sem grandes conseqüências, pois o pequeno território não seria visto internacionalmente como o Kuwait na década de 1990.

P.S.: Na foto, a bandeira de Cabinda livre, segundo a FLEC.