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segunda-feira, 3 de março de 2014

Em premiação esquizofrênica, "12 Anos de Escravidão" leva mas não convence

A noite do Oscar foi passando e prêmio a prêmio, "Gravidade/Gravity" ia abocanhando todos os prêmios técnicos, que, para mim, contam muito. Cada vez mais, ver um filme no cinema é uma experiência muito mais sensorial do que intelectual. IMAX, 3D, 4D, som digital surround... a indústria e talvez a cultura deste século tenta recriar de forma fantasiosa uma experiência que poderia ser real.

A natureza das categorias do Oscar (edição de som, som, fotografia, edição) é industrial. E com o resultado da noite, o Oscar de 2014 reservou até o último momento (mas talvez sem grandes surpresas) o suspense da noite: "12 Anos de Escravidão" ganharia melhor filme mesmo com Alfonso Cuarón e sua trupe britânica tendo sido excelentes no trabalho da jornada pela sobrevivência no espaço de Sandra Bullock? Sim, foi o que aconteceu. Mas a sensação de esquizofrenia não passou para mim.

No placar final, "Gravidade" levou sete estatuetas (Direção, Fotografia, Efeitos visuais, Som, Edição de Som, Trilha Sonora e Edição), "12 Anos..." três (Filme, Atriz coadjuvante - linda Lupita - e roteiro), "Clube de Compras Dallas/Dallas Buyers Club" três (Ator, Ator coadjuvante - "linda" Jared Leto - e maquiagem). Confira os vencedores.

Quanto aos meus palpites, acertei 16 de 20 possíveis. Fiquei triste com apenas um erro: o roteiro de "12 Anos de Escravidão/12 Years a Slave", trabalho extremamente difícil que John Ridley teve para trazer para o século XXI a impactante história de Solomon Northup. No mais, espero mais filmes do diretor britânico Steve McQueen, que levou por ser um dos produtores de "12 Anos...".

O selfie estelar tem mais de 2 milhões de RTs em menos de duas horas - recorde absoluto no twitter, batendo a foto da reeleição de Obama (quase 800 mil reproduções). Foto: @TheEllenShow

No mais, a festa reservou momentos marcantes, como o discurso de agradecimento do merecido Oscar de ator coadjuvante para Jared Leto (que falou da própria família, passando por Ucrânia, Venezuela, HIV e preconceitos em todas as suas formas), a pizza distribuída pela apresentadora Ellen DeGeneres (sempre natural e simpática) e o selfie mais compartilhado/retuitado da história, batido por Bradley Cooper e com Jennifer Lawrence, Ellen, Brangelina, Kevin Spacey, Lupita Nyong'o e seu irmão e a recordista de indicações ao Oscar Meryl Streep - 18 vezes!!!!

domingo, 2 de março de 2014

Oscar 2014: os meus favoritos não são nada favoritos

O Oscar 2014 promete ser o mais disputado do século. Não há clareza em quem levará alguns dos principais prêmios: direção e filme. "12 Anos de Escravidão/12 Years a Slave" e "Gravidade/Gravity" são os dois que têm mais chances de levar. Ambos os filmes dividiram o prêmio do Sindicato dos Produtores de Hollywood, enquanto "12 Anos.." levou o Globo de Ouro. Na direção, o mexicano Alfonso Cuarón arrebatou o reconhecimento do Sindicato dos Diretores com o seu ultrarrealismo audacioso nas filmagens do excelente "Gravidade", mas no Oscar, não só os Diretores votam.

A minha aposta é que a força temática de "12 Anos..." dê vantagem ao filme do britânico Steve McQueen, apontado nos  EUA como "o" filme sobre a escravidão feito até os dias de hoje. John Ridley fez um excelente trabalho ao adaptar o livro do homem negro livre do século XIX que é sequestrado e vendido como escravo. O material deixado por Solomon Northup pode em muito ajudar em alguns diálogos, mas transpor algumas situações para a  audiência do século XXI com certeza exigiu muita reflexão. "Gravidade" deve arrebatar mais estatuetas que "12 Anos...", principalmente os prêmios técnicos.

Os dois favoritos, filmes extremamente sérios em suas temáticas, são filmes muito bons, mas os dois da lista que mais me agradaram foram duas produções quase que sem chances na festa deste domingo na Califórnia e quem não se levam muito a sério. O primeiro é um filme dos irmãos Cohen, que a cada ano, parecem sair mais e mais dos holofotes. "Inside Llewyn Davis/Balada de um Homem Comum" conta a história de um cantor de folk totalmente fracassado na década de 50, em uma narrativa que parece em muito inspirada em David Lynch. O filme começa com uma surra levada pelo protagonista, que só é "explicada" no final do filme, cujo coadjuvante felino dá pistas de que o destino de Llewyn é um constante giro de 360º. O filme concorre ao Oscar de fotografia (que merecia vencer) e mixagem de som (que deve ir para a "Gravidade").

Inesperadamente hilário, "Nebraska" é o melhor filme do diretor Alexander Payne - Foto: www.trendengel.com
Mas o melhor filme, para mim, é "Nebraska". Eu não entendia e nem compartilhava de todo o furor cult pelos outros filmes do diretor Alexander Payne, em "Sideways" e "The Descendants/Os descendentes". Desta vez, o tal furor não é tão grande, mas o filme, sim! Retratando o processo de deterioramento da sanidade mental de um pai de família octagenário (Bruce Dern, indicado ao Oscar de melhor ator), o filme é um road-movie familiar em que a razão dá lugar ao coração, com diálogos diretos, sem cerimônia e extremamente hilários. Grande destaque para as falas sem papas na língua e a interpretação impagável de  June Squibb, a matriarca. O Oscar de melhor coadjuvante deveria ser dela! Além do Oscar para Squibb, "Nebraska" talvez merecesse o de roteiro original. As indicações como filme, direção e fotografia são totalmente justas.

Bom, mas existe uma diferença entre o que gostaríamos que ganhasse e o que achamos que vai ganhar. Segue a lista do que eu acho que vai acontecer nesta noite de domingo!

Filme: "12 Anos"
Direção: Steve McQueen "12 Anos"
Atriz: Cate Blanchett "Blue Jasmine"
Ator: Matthew McConaughey "Clube de Compras Dallas"
Atriz coadjuvante: Lupita Nyong'o "12 Anos"
Ator coadjuvante: Jared Leto "Clube de Compras Dallas"
Fotografia: "Gravidade"
Roteiro Original: "Ela"
Roteiro Adaptado: "Capitão Phillipps"
Melhor Animação: "Frozen"
Filme Estrangeiro: "A Grande Beleza" (Itália)
Edição: "Gravidade"
Direção de Artes e Cenários: "12 Anos"
Figurino: "O Grande Gatsby"
Maquiagem: "Clube de Compras Dallas"
Trilha Sonora: "Gravidade"
Música: "Ordinary Love" - U2
Som: "Gravidade"
Edição de Som: "Gravidade"
Efeitos Visuais: "Gravidade"







sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Lupita Nyong'o ilumina o excelente "12 Anos de Escravidão"

Nesta semana, entrei no site da Amazon e comprei por menos de R$ 3,00 o livro "12 years a Slave", de Solomon Northup, com comentários históricos de Sue Eakins. Foi arrepiante ler em um Kindle, no meio da noite, as palavras "para aqueles que estiverem lendo estas páginas"... dá um senso de diálogo ao longo dos séculos e também estranheza, já que não estava lendo propriamente uma página...

Solomon descreveu com detalhes toda a sua passagem (que durou de 1841 a 1853) de um homem livre do norte dos EUA, que nunca conheceu a escravidão, para uma realidade impensável, de um negro do sul do mesmo país nos meados do século XIX, após ser enganado, drogado, raptado e jogado em um porão por traficantes de escravos profissionais.

Obviamente que a leitura do livro e ir ao cinema assistir ao filme (em preestreia, dia 21 entra em circuito) do aclamado diretor britânico Steve McQueen (de "Shame", que ainda não vi - whata shame!), faz parte da minha maratona rumo ao Oscar (que acontece no dia 2 de março neste ano). O filme foi indicado a nove estatuetas (filme, diretor, ator - Chiwetel Ejiofor, ator coadjuvante - Michael Fassbender, atriz coadjuvante - Lupita Nyong'o, direção de arte, edição, figurino e roteiro adaptado) e pela primeira vez em anos, fui ao cinema comparando um filme a um livro (algo sempre difícil e que exige flexibilidade crítica, em minha opinião).

Nestas situações, sempre há a sensação de que tudo está rápido demais, muita coisa está sendo deixada para trás... Mas Steve McQueen e o roteirista John Ridley fizeram um excelente trabalho. Os flashbacks intercalados em uma narrativa nem tão linear assim, além dos planos com múltiplos takes de câmera, trouxeram para o século XXI algo tão bem caracterizado pelas locações e figurinos no século XIX. Ridley conseguiu criar falas que no livro são apenas descritas para poder levar a história à tela, além de ser criterioso o bastante para cortar partes que reduziriam o drama e ter sensibilidade o bastante para manter diálogos cruciais absolutamente intactos.

Mas há uma coisa que tirou todo o senso crítico de minha ida ao cinema (como comparar a atuação de Benedict Cumberbatch, inglês, que não consegue fazer sotaques americanos, a incrível interpretação do alemão Michael Fassbender, como o sádico Master Epps): todos os segundos em que a estreante Lupita Nyong'o está na tela. Em sua primeira aparição no cinema, como a escrava Patsey, a atriz brilha em cada fala, em cada gesto e em cada olhar, sendo responsável pelo momento mais marcante do filme, em que a partir dali, todos no cinema tiveram uma escolha: continuar chorando até o fim do filme ou não.

Lupita Nyong'o, como Patsey, em sua primeira aparição em "12 Anos de Escravidão/12 Years a Slave", de Steve McQueen - Divulgação/Facebook

Não à toa, ela levou o prêmio do Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild Awards) e outras 21 estátuas (o Globo de Ouro foi para Jennifer Lawrence, por "Trapaça/American Hustle") e deve ser a favorita ao Oscar. Sobre isso, o filme é um dos favoritos, junto a Gravidade/Gravity (com quem dividiu o prêmio do Sindicato dos Produtores) e American Hustle. Será um ano daqueles para acertar a categoria melhor filme...

P.S.: Easter Egg - a linda Quvenzhané Wallis, que assombrou o mundo com sua incrível interpretação em "Indomável Sonhadora/Beasts of the Southern Wild", quando tinha apenas 6 anos e foi indicada ao Oscar, também está no filme... tente achá-la!

P.S.2: como assim a trilha sonora de Hans Zimmer não foi indicada?!?