sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Lupita Nyong'o ilumina o excelente "12 Anos de Escravidão"

Nesta semana, entrei no site da Amazon e comprei por menos de R$ 3,00 o livro "12 years a Slave", de Solomon Northup, com comentários históricos de Sue Eakins. Foi arrepiante ler em um Kindle, no meio da noite, as palavras "para aqueles que estiverem lendo estas páginas"... dá um senso de diálogo ao longo dos séculos e também estranheza, já que não estava lendo propriamente uma página...

Solomon descreveu com detalhes toda a sua passagem (que durou de 1841 a 1853) de um homem livre do norte dos EUA, que nunca conheceu a escravidão, para uma realidade impensável, de um negro do sul do mesmo país nos meados do século XIX, após ser enganado, drogado, raptado e jogado em um porão por traficantes de escravos profissionais.

Obviamente que a leitura do livro e ir ao cinema assistir ao filme (em preestreia, dia 21 entra em circuito) do aclamado diretor britânico Steve McQueen (de "Shame", que ainda não vi - whata shame!), faz parte da minha maratona rumo ao Oscar (que acontece no dia 2 de março neste ano). O filme foi indicado a nove estatuetas (filme, diretor, ator - Chiwetel Ejiofor, ator coadjuvante - Michael Fassbender, atriz coadjuvante - Lupita Nyong'o, direção de arte, edição, figurino e roteiro adaptado) e pela primeira vez em anos, fui ao cinema comparando um filme a um livro (algo sempre difícil e que exige flexibilidade crítica, em minha opinião).

Nestas situações, sempre há a sensação de que tudo está rápido demais, muita coisa está sendo deixada para trás... Mas Steve McQueen e o roteirista John Ridley fizeram um excelente trabalho. Os flashbacks intercalados em uma narrativa nem tão linear assim, além dos planos com múltiplos takes de câmera, trouxeram para o século XXI algo tão bem caracterizado pelas locações e figurinos no século XIX. Ridley conseguiu criar falas que no livro são apenas descritas para poder levar a história à tela, além de ser criterioso o bastante para cortar partes que reduziriam o drama e ter sensibilidade o bastante para manter diálogos cruciais absolutamente intactos.

Mas há uma coisa que tirou todo o senso crítico de minha ida ao cinema (como comparar a atuação de Benedict Cumberbatch, inglês, que não consegue fazer sotaques americanos, a incrível interpretação do alemão Michael Fassbender, como o sádico Master Epps): todos os segundos em que a estreante Lupita Nyong'o está na tela. Em sua primeira aparição no cinema, como a escrava Patsey, a atriz brilha em cada fala, em cada gesto e em cada olhar, sendo responsável pelo momento mais marcante do filme, em que a partir dali, todos no cinema tiveram uma escolha: continuar chorando até o fim do filme ou não.

Lupita Nyong'o, como Patsey, em sua primeira aparição em "12 Anos de Escravidão/12 Years a Slave", de Steve McQueen - Divulgação/Facebook

Não à toa, ela levou o prêmio do Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild Awards) e outras 21 estátuas (o Globo de Ouro foi para Jennifer Lawrence, por "Trapaça/American Hustle") e deve ser a favorita ao Oscar. Sobre isso, o filme é um dos favoritos, junto a Gravidade/Gravity (com quem dividiu o prêmio do Sindicato dos Produtores) e American Hustle. Será um ano daqueles para acertar a categoria melhor filme...

P.S.: Easter Egg - a linda Quvenzhané Wallis, que assombrou o mundo com sua incrível interpretação em "Indomável Sonhadora/Beasts of the Southern Wild", quando tinha apenas 6 anos e foi indicada ao Oscar, também está no filme... tente achá-la!

P.S.2: como assim a trilha sonora de Hans Zimmer não foi indicada?!?

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