sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Marco cinematográfico, Avatar escorrega no roteiro


A História repete a si mesma indefinidamente. A cobiça nunca encontrará um fim, nem no tempo, nem no espaço. Tomando isso em conta, o novo filme de James Cameron não tem em sua narrativa nada de novo. As críticas apontam para vários filmes de ficção científica como fonte de inspiração para "Avatar". Mas, no entanto, o filme que me veio mais à cabeça durante as duas horas e meia de projeção foi "Dança com Lobos".

Um forasteiro que não tem nada a perder na vida acaba por um encontrar algo que lhe faz sentido em uma população primitiva que será inevitavelmente destruída por seu povo, sedento por terras/petróleo/unobtanium (o último, o minério que os humanos querem ao invadir Pandora, o planeta em questão retratado na produção).

Deixando os paralelos com a expansão ao Oeste americano, a Guerra do Iraque ou o maniqueísmo rasteiro onipresente no estilo americano de fazer cinema, não há como negar o espectáculo visual oferecido por James Cameron. E é aqui que seu filme ganha pontos técnicos e comerciais, sendo um marco cinematográfico em ambos aspectos.

Não há outro lugar possível para assistir "Avatar" a não ser no cinema e em 3D. Pirataria, DVDs, downloads não oferecem a explosão de sentidos que a telona e os óculos plásticos entregam aos espectadores. Talvez seja a resposta de uma indústria que está em seu auge e ao mesmo tempo vê os elementos que podem ameaçar o seu futuro crescerem mais e mais.

Apesar da obviedade cinematográfica do roteiro, há um vasto campo antropológico sugerido para conversas e mais conversas sobre personas dentro de personas (avatares), além das possibilidades tecnológicas que nos oferece o futuro. Há também o lado biológico, em um paralelo com as linhas de Wallace: com a Terra sendo o ápice do desenvolvimento materialista e Pandora, o espititual. Sobre esta gama variada de informações, a produção do filme desenvolveu um wiki interessante, que regará a conversas dos nerds interessados em ficção científica como eu por horas e horas.

Voltando à comparação com "Dança com Lobos", que não também não trazia nada que não sabíamos, mas foi muito bem produzido, o destino de Avatar no Oscar pode ser o mesmo do filme de 1990: o prêmio de melhor filme e diretor, além dos óbvios prêmios técnicos.

Nenhum comentário: